Responda mentalmente: Você vive de dieta e não cansa de ver os pesos na balança diminuírem? Você se preocupa com o que vai comer todos os dias e se sente culpada quando foge da dieta? Faz atividade física pensando em quanto vai emagrecer esta semana e não pensando no quanto aquilo é agradável e relaxante? Deixa de ir para alguma festa porque vai ter muita comida, ou até vai pra festa, mas se contenta em comer apenas um docinho e um copinho de água? Quando quer comer muito, espera todo mundo sair de casa ou come escondido pra ninguém ver? Se alguém fala da sua alimentação, você explode, fica muito irritada porque acha que eles não tem nada a ver com isso? Não consegue parar de pensar no quanto está gorda e inchada? Às vezes nem vomita, mas vive compensando a comilança do dia anterior com sucos diuréticos, muito exercício físico e/ou algumas horinhas de jejum?
Eu sim... e sabe o que eu descobri? Que eu tenho um transtorno alimentar.
Muita gente aqui no mundo virtual assume que tem uma relação de amor e ódio com a comida e que essa relação gera sofrimento, sensação de culpa, impotência, que acaba com a autoestima, mas daí assumir que está doente... é realmente muito difícil. Atenção galera: isso não está certo! Mesmo que sua pressão arterial ou açúcar no sangue tenha abaixado, isso não significa que você está saudável, até porque Saúde é o completo estado de bem-estar Físico e Mental (OMS) - corpo e mente trabalham juntos e não separados.
Há algum tempo sei que sou Bulímica... apesar de não forçar o vômito, ele vem espontaneamente depois que como muito. Durante algum tempo achei que fosse refluxo, mas depois me dei conta de que não era. Já falei sobre isso em terapia, hoje estou muito melhor, mas ainda é difícil me desfazer desse transtorno. Desde então estudo muito sobre o tema, fiz meu TCC, refleti muito, e ao ler os blogs e os desabafos de algumas colegas, percebi que não sou a única. Muitas de vocês precisam começar a abrir os olhos pra isso.
Pra começar, a Bulimia se caracteriza por episódios de comilança desenfreada (ou compulsão alimentar... quem nunca?), seguidos de hábitos que visam compensar o ganho calórico nas chamadas "técnicas purgativas". Realmente, nunca li por aqui alguém dizer que vomita ou toma laxantes depois de comer, graças a Deus, mas quantas vezes vocês já disseram que passaram o dia seguinte inteiro bebendo sucos verdes, chás diuréticos, sopas ou até fazendo jejum pra compensar a comilança? Quantas vezes disseram que foram para a academia e passaram o dobro do tempo na esteira ou na musculação? Pois então, estas compensações relacionadas à culpa por ter comido muito, são, por si só, técnicas purgativas, logo, sinais de alerta.
Como psicóloga e como vítima deste transtorno, acho interessante fazer esta ressalva aqui no Blog, pois às vezes não nos damos conta de que estamos doentes. Obviamente, não vou morrer por ter este transtorno, mas não posso negar o quanto ele faz mal pra mim emocionalmente falando. Morro de inveja de pessoas que comem sem culpa, sem se importar no quanto vão engordar e assumo: isso me faz sofrer. Quero mudar essa realidade sem ter, no entanto, que parar de emagrecer. Comida não é e nem pode ser sinônimo de sofrimento.